O Rastreador Brasileiro é outro cão de caça e presa que merece destaque, embora oficialmente a raça seja considerada extinta, sua história pode ser aqui resumida e sua capacidade como cão de caça enaltecida, além de possuir o mérito de ter sido a primeira raça brasileira reconhecida pela FCI. Desenvolvida a partir dos anos cinqüenta através de cruzamentos de raças típicas de caça e presa, algumas oficialmente reconhecidas, outras não, de origem norte americana, inglesa e francesa, tais como Foxhound Americano, Walkerhound, Bluetick, Black and Tan, Petit Bleu de Gascogne etc. Consta ainda que foram utilizadas fêmeas de veadeiros brasileiros, raça muito antiga porém ainda não reconhecida. Embora também se buscasse uma coloração de pelagem clara, como ocorreu com o Dogo Argentino e pelas mesmas razões, ou seja, não confundir o cão com o animal caçado, este objetivo não foi atingido no Rastreador Brasileiro, mas produziu-se um cão com excelentes capacidades venatórias para a caça maior e menor nas condições das matas tropicais brasileiras, capaz de auxiliar tanto na caça de uma paca como de uma onça, de um veado como de um porco do mato. Com um olfato apuradíssimo, voz poderosa e uma grande gama de sons que indicavam ao caçador a situação da presa e a forma de conduzir a caçada, essa raça ficou conhecida pelo apelido de ”urrador”. A raça foi declarada extinta quando da morte de todas as fêmeas registradas da raça, que se encontravam em uma mesma fazenda e sofreram de uma doença transmitida por carrapatos. As que não morreram da doença, foram vítimas do excesso de veneno carrapaticida utilizado na época. Sobraram apenas os machos que se encontravam com alguns caçadores e fazendeiros, estes por sua vez cruzaram com cadelas não registradas e seus descendentes estão ainda entre nós, as vezes apelidados de “onceiros”, “pantaneiros” etc, mas a tipicidade da raça foi comprometida devido aos muitos cruzamentos sem controle. Ainda assim é possível encontrar alguns exemplares que se encaixam em todos os aspectos do Standard original, espalhados por fazendas das regiões Sudeste e Centro-Oeste e mesmo em áreas urbanas, não só de cidades interioranas mas até mesmo no Rio de Janeiro e em São Paulo. Contudo é muito difícil recuperar a raça e mais ainda recuperar o status de raça reconhecida pela FCI devido aos poucos exemplares realmente aproveitáveis para cruzamentos dentro dos padrões originais e principalmente pelo pequeno número de pessoas realmente interessadas em recuperar este verdadeiro patrimônio genético, histórico e cultural do Brasil, afinal é de fato um esforço que exige um grupo grande e ativo com condições de encontrar remanescentes, organizar cruzamentos e ainda fundar um clube ou associação para estimular e fomentar a recuperação e popularização do Rastreador Brasileiro